Sem título pra isso.

É inevitável, é a lei do tempo. Matéria torna-se pó. Sentimentos, passageiros. Eu e você, metade de um inteiro. Mas a cada dia seguimos em frente, e ganhamos algo novo. Aquele sentimento que faltava já foi suprido e o pó regenerado. Assim como posso achar um outro inteiro, mas um inteiro de corpo, alma e cara lavada.

E quanto a isso?

Não sei, não sei mesmo. Mistura de doce e amargo, falta de ar, ardência, carência... O que é isso? Que a cada dia de chuva me consome, que aguça a cada dia sozinha. Solidão? Não... Por que sinto que a cada olhar, fala, gesto me falta alguma coisa? Falta alguém? Quem? Será que já experimentei desse alguém? Estranho sentir essa sensação de falta, falta do que? do que eu nunca tive mais poderia, ou não, ter? Então o sentimento não é falta, é vontade. Vontade por que se eu mal sei do que se trata, talvez sinta vontade por não conhecer, não sei... Tantas perguntas e nenhuma resposta, acho que é assim que funciona. Louca? De louca eu não tenho nada. Loucos são meu cérebro e coração, um é de sagitário e outro é de touro, que brigando, sempre me deixam em uma abstinência de sanidade.

Mudaram as estações...

Passaram-se os dias, anos, meses. Meu cabelo cresce, o formato do rosto muda. Mas entre nós nada mudou. Estagnados na mesmice de sempre. Ele com ela, e eu na esperança de ocupar esse lugar um dia. Encontros e desencontros, e sempre paramos no mesmo lugar, no fundo daquele velho poço. Existe luz no fim do túnel, mas e no poço? Eu mudei, amadureci, e sei que mesmo que nada volte a ser o que era, mesmo não tendo legenda embaixo dos nossos abraços, mesmo sabendo que nós já não somos os mesmos, que no nosso jardim, morram as flores, que as fotos percam as cores e mesmo que a gente descubra que do nosso futuro só resta 15% de chance de sermos felizes, nada vale a pena se tivermos medo de tentar, o medo anula qualquer possibilidade de felicidade. Nosso futuro está traçado conforme as nossas escolhas e a minha eu já sei, é ao seu lado. Só me resta ele.